Desde o início, algumas questões fundamentais acompanharam a humanidade: quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe o mal? O que existirá depois da vida? Em sua carta encíclica FIDES ET RATIO (Fé e razão), o Papa João Paulo II nos diz como estas perguntas se encontram em todas as culturas e atravessam a história da humanidade pois "são questões que têm a sua fonte comum naquela exigência de sentido que, desde sempre urge no coração do homem e da resposta a tais perguntas depende efetivamente a orientação que se imprime à existência". Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida e a Igreja se faz peregrina no mundo para levar este anúncio a todos.
Mais adiante o Papa, ao citar a filosofia, nos fala dos variados recursos que o homem possui para progredir no conhecimento da verdade, tornando assim cada vez mais humana a sua existência. Levado a descobrir a verdade última do ser, o homem se maravilha com a criação e se sente integrado e participante desta. Também a arte está plena deste maravilhar-se pois a "beleza é a expressão visível do bem, do mesmo modo que o bem é a condição metafísica da beleza".
O ser humano é um ser cultural. Não há cultura que não seja do homem, pelo homem e para o homem. No documento Para Uma Pastoral da Cultura, do Conselho Pontifício da Cultura, vemos que "ela é toda a atividade do homem, a sua inteligência e a sua afetividade, a sua busca de sentido, os seus costumes e as suas referências éticas". "A cultura, este modo particular pelo qual os homens e os povos cultivam a sua relação com a natureza e com os seus irmãos, consigo mesmos e com Deus, a fim de chegar a uma existência plenamente humana" (cf. Gaudium et Spes, n. 53). A cultura relacionada essencialmente com a verdade e o bem revela ao homem a sua dimensão divina e é testemunha da "abertura, própria do homem, ao universal e à transcendência"( cf Fides et Ratio, n. 70).
A Aliança de Deus e seu povo narrada no Antigo Testamento é principalmente a história do nascimento de uma cultura guiada e inspirada por Deus. A Sagrada Escritura é a inculturação originária da fé no Deus de Abraão, Deus de Jesus Cristo e "as palavras de Deus, expressas em línguas humanas, tornaram-se intimamente semelhantes à linguagem humana" (Dei Verbum, n. 11). Em Abraão Deus irrompe a sua existência para se revelar. Não é mais o povo que fabrica seu Deus mas Ele quem o torna Povo de Deus. E em Jesus Cristo o Deus Totalmente Outro torna-se Totalmente Nosso. Cristo inaugura a Civilização do Amor fundada em dois princípios: A pessoa e o amor. "A fé também tem o poder de atingir o coração de toda cultura, para purificá-la, fecundá-la, enriquecê-la e dar-lhe a possibilidade de se desenvolver à medida sem medida do amor de Cristo" (Para Uma Pastoral da Cultura).
Toda a cultura é composta de elementos heterogêneos instáveis e passageiros mas a plenitude e universalidade do Cristo são fonte inesgotável de vida (cf. Col 1, 8-12; Ef 1, 8) e de comunhão. A inculturação da fé e a evangelização das culturas estabelecem como que um binômio, que exclui toda forma de sincretismo: tal é "o sentido autêntico da inculturação; esta, diante das mais diversas e por vezes contrastantes culturas presentes nas várias partes do mundo, pretende ser uma obediência ao mandato de Cristo de pregar o Evangelho a todas as gentes até os extremos confins da terra. Uma tal obediência não significa sincretismo, nem simples adaptação do anúncio evangélico, mas que o evangelho penetra vitalmente nas culturas, se encarna nelas, superando os elementos culturais das mesmas que são incompatíveis com a fé e a vida cristã e elevando os seus valores ao mistério da salvação que provém de Cristo" (Pastores dabo vobis, n. 55).
Que nós possamos refletir sobre a nossa cultura no dia de hoje: Como nos dialogamos com ela? De que forma participamos como verdadeiros cristãos?
É isso aí,pessoal! Deus os abençoe! Estou de volta depois de ter passado por alguns problemas, mas "Tudo é do Pai"!
Mandem-me e-mails com sugestões, críticas, etc, ok?
Augusto Cezar - DOM
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