Acho que uma das coisas mais interessantes da minha caminhada com Deus foram as experiências que tive. Lembro de uma frase marcante que o Martín cita: que o diabo não é tão perigoso pelo poder que tem, mas sim pela experiência que tem (como uma piadinha). E queria partilhar um pouco da minha experiência. Tenho visto e ouvido muita coisa e por isso escrevo esse artigo.
Entrei para a Renovação Carismática Católica em 1974, fiquei maravilhado, e achava que ali nunca veria as coisas de calúnia, difamação, discussão... Que eu estava acostumado a ouvir nos grupos de jovens e nas comunidades. Pobre de mim... No ano de 1976, eu já namorava a Cris, minha esposa, e seus pais, Jonas e Terezinha, foram pessoas que muito me ajudaram na caminhada na plenitude do Espírito. Jamais imaginei que alguém pudesse ter algo contra eles ou falar mal... Por essa época, um dos líderes da renovação carismática, em plena reunião da liderança, humilhou meu sogro. Falou coisas muito duras e que não retratavam a verdade das coisas e dos fatos. Meu sogro tinha tudo para se defender, se justificar, qualquer coisa, mas humildemente silenciou, passou muitos dias triste, comungava diariamente colocando diante do Senhor a situação que passou, "gritava a injustiça" no silêncio da adoração eucarística. Foi muito doído para todos nós, tanto para os amigos, quanto para os familiares, como para as pessoas que testemunharam tal situação, foram anos de silêncio.
Um dia, em 1980 (eu já tinha casado), estava a comissão da renovação carismática católica reunida no Instituto Paulo VI, em São Paulo, e no meio da oração, o homem que ofendera meu sogro se levantou e pediu perdão a Deus porque há anos atrás ele havia machucado pessoas, ferido, por achar que aquelas não eram as pessoas de Deus para a equipe da renovação. Naquele momento Deus o fazia entender que naquela época (da ocorrência), Deus havia lhe dado as melhores pessoas que Ele tinha. Pediu perdão a Deus e a todos que ele havia ferido e publicamente reconheceu que não soube enxergar o que Deus lhe havia dado como equipe.
Porque conto essa história? Porque não quero cometer e nem deixar que outros cometam o mesmo erro. Há muitos anos oro pelos "meus", pela "minha" equipe; sei que não são os melhores do mundo, mas são os melhores que Deus tinha para mim e para a obra que Ele me confiou, são os que me completam nas minhas fraquezas, que me sustentam nos momentos difíceis, que me encorajam nas adversidades, que choram, sorriem, se zangam e vencem comigo.
Talvez você ache que Deus ainda não lhe deu as pessoas certas... Uma coisa eu garanto: se você pediu em oração ou você já os tem ou o pior, já os perdeu...
O momento é de vida, sua comunidade, seu ministério... Precisa de pessoas que dêem a vida junto com você, os melhores são aqueles que Deus envia, não são os que têm os dons ou os talentos que achamos que nos faltam.
Por isso eu quero agradecer a Deus por você, porque milhares e milhões de pessoas poderiam ler essa mensagem, mas Deus te escolheu para viver comigo um pouquinho da minha vida, obrigado por você de alguma maneira estar ligado à gente.
Obrigado a todos que estão comigo, direta ou indiretamente, se nunca souberam saibam: Deus que os mandou a estarem comigo. Sejam fiéis a Ele, evitem discussões bestas e sem cabimento, não discutam! Sejam mansos uns para com os outros, prontos para ensinar, esperem com calma, e com brandura instruam os que se opõem a vocês (2 Tim 2, 22 e ss).
Mesmo que demore anos, séculos, é melhor ser justificado e defendido por Deus do que por nossas próprias capacidades.