Quando vejo um número enorme de músicos em nossa igreja, meu coração fica feliz. O que preocupa não é o número de músicos, pois isso é muito bom, sinal que o exército está em tempo de crescimento e que a cada dia outros soldados assumem para si a causa da batalha, que não é outra se não a de salvar vidas inteiras.
Aqui, deve entrar nosso zelo e nossa cautela, um exército deve estar sempre bem posicionado, cada um no seu lugar. Se todos forem para frente de uma só vez, o exército inimigo pode derrubar a todos e ganhar, mesmo que por um momento, o conflito.
É um pouco disso que vejo acontecer em nossas comunidades e em geral na caminhada da igreja. Muitos parecem querer estar à frente (ministros e ministérios), começam por achar que devem tocar na missa ou no encontro e até gravar um CD só porque "gostam de música". Alguns até dizem que foi Deus quem falou e aí está o perigo, começamos a colocar palavras na boca de Deus, só para realizarmos nossa vaidade. E se é vaidade, não consegue durar muito tempo.
Minha gente, música também é vocação, não basta gostar dela, tem que estar disposto a ser humilhado, não ser ouvido, às vezes tratado com indiferença, porque os homens agradáveis a Deus são provados pelo caminho da humilhação (Eclo, 2).
Sabemos que somos chamados ao matrimônio quando estamos dispostos a viver o que for preciso para estar ao lado da pessoa amada, o sacerdote ou as religiosas sabem da sua vocação quando, dentro do peito, arde o desejo de abdicar de tudo o que for preciso para se consagrar a Deus por completo, e nós, os músicos de Deus, sabemos que música faz parte da nossa vocação quando somos capazes de reconhecer as dificuldades e, apesar delas, saber que valerá a pena seguir em frente.
Um padre realizado na vocação é um padre feliz.
Um casal realizado no matrimônio é um casal fiel a Deus e a si mesmo.
Um músico realizado é um músico que canta com alegria e autoridade de profeta.
Deus os abençoe.