IDOSO, DIGNIDADE, VIDA E ESPERANÇA
Diz o Eclesiástico 3,14-15:
"Meu filho, ajuda a velhice de teu pai e não o abandones durante a sua vida".
Como é bom tratar as pessoas com respeito e sermos respeitados!
Que bom seria se todos agissem assim.
Mas... Infelizmente não é.
A Campanha da Fraternidade de 2003 nos alerta, pondo em discussão e reflexão, o idoso, sua dignidade, vida e esperança.
Vemos, em nosso dia-a-dia, pessoas maltratando outras. Os mais maltratados, sem dúvidas, são os idosos. Os idosos são desrespeitados a todo instante.
Em minha cidade (Juiz de Fora - MG) existem lugares nos ônibus urbanos reservados aos idosos, mas mesmo assim não são raras as vezes em que vejo pessoas sentadas nestes bancos ignorarem a presença do idoso. A impunidade e a falta de uma consciência de nossos direitos e deveres faz com que isto ocorra. É a famosa máxima: "Todo mundo faz! Porque eu devo ser diferente?".
Tenho certeza que em nossas famílias há ou houve um caso de pessoas que durante toda a sua vida cuidaram de nós ou de nossos parentes. Cuidaram de nós com carinho, sustentando, educando, zelando enquanto estávamos doentes. Quando chegaram à terceira idade... Pronto! Todo aquele exemplo de amor e dedicação parecia de nada ter valido.
O descaso e a rejeição aos irmãos que chegam à terceira idade ou, como gosto de dizer, à plena idade, é constatado não só nas famílias, mas também pelo tratamento que o Estado dispensa a eles no cumprimento de seus direitos à saúde, alimentação, moradia e lazer. Enfim, o direito à cidadania.
Ser idoso no país em que vivemos é, sem dúvida alguma, uma aventura.
A Campanha da Fraternidade de 2003 nos faz refletir sobre nosso papel em relação ao idoso. Sugiro que todos nós comecemos a pensar em nossos idosos de forma mais particular, cuidando dos vovôs e vovós em nossas famílias. Sei que muitos idosos gozam de plena saúde, tem uma boa situação financeira e querem somente nosso respeito e carinho. Mas nunca nos esqueçamos dos mais carentes que, como vários brasileiros, ganham uma aposentadoria pequena, que mal dá para seu sustento básico... Precisam continuar fazendo "bicos" para complementar sua renda.
Até quando estaremos nesta situação? Espero que o novo governo abra seus olhos e tome uma atitude de verdade em prol dos que mais necessitam, e em especial os idosos, que durante anos contribuíram com seus impostos e agora vêem seus direitos básicos serem desrespeitados.
Não fiquemos argumentando que ninguém faz nada, façamos nós mesmos!
Comece pequeno, mas comece. É dando o primeiro passo que se aprende a andar.
As iniciativas são importantíssimas, mas como o próprio nome diz, iniciam uma caminhada. Mais importante que começar é permanecer.
E você, ministro da música, deve estar se perguntando agora: o que esta matéria tem de "ligação" com a música católica?
Bem... Nas celebrações e eventos que participamos, temos sempre que tomar o cuidado para que nosso repertório esteja de acordo com o contexto do momento em que vivemos, com o tempo litúrgico e levando em conta a assembléia que estamos nos comunicando.
Mesmo que tenhamos gravado um CD e tenhamos um repertório pré-definido, nada nos impede de adequarmos este repertório ao povo de Deus.
Não são raras as vezes em que nos deparamos com pessoas idosas, que quase sempre não gostam de músicas altas e ritmos muito acelerados.
Discernimento e prudência na escolha das músicas devem ser uma constante em nossa vida ministerial.
Que tal, ao selecionarmos nosso repertório, inserirmos algumas músicas antigas e tradicionais, nas quais as pessoas idosas se identifiquem e com isto participem mais ativamente das celebrações ou mesmo de nossos shows?
Diz o Eclesiástico 3, 9-10:
"Honra teus pais por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê a sua benção e esta permaneça em ti até o teu último dia".
Com carinho,