Cada momento deve ser “o momento”.
Se vivo cada instante como um instante, ele passará e não será eternizado. Se vivo cada instante como “o instante”, único, ele se tornará vida e se confundirá com minha própria vida, dando a ela o sentido real de existir.
Estar demoradamente com o Senhor, tocando o solo de Deus com meus próprios pés descalços, faz com que eu sinta o próprio sentir de Deus, que eu deseje os desejos de Deus e que eu viva a vida de Deus. Vivendo assim, não corro o risco de passar pela vida sem deixar marcas, não corro o risco de fazer meu próprio caminho e até querer ser um caminho para os outros e para mim mesmo, quando Jesus está dizendo: “Eu sou o Caminho”. A coragem de me desvencilhar do supérfluo e mergulhar no mais profundo de toda a realidade que me cerca, inclusive de mim mesmo, faz-me humano, faz-me ser o que sou, profundamente fraco e limitado, mas incondicionalmente amado por Deus. Ao tirar os olhos do relativo e fitar o Absoluto, assumo, cada vez mais, minha semelhança com Ele. Assim aceito a dor de viver por ter a certeza de que, como o meu Senhor, transcenderei a cruz e com Ele ressuscitarei para uma vida que jamais se acabará e para a qual fui criado. Amém.