Foi muito difícil ouvir do médico aquele diagnóstico. Depois de vários exames foi constatada a doença: cirrose hepática, irreversível, impossível a regeneração. Os olhos de meu pai encheram-se de lágrimas... Começaria ali a etapa mais difícil de nossa vida... Sou filha única e o meu maior tesouro são meus pais! Quando eu era criança, sempre pedia para o Papai do Céu que cuidasse deles, pois se algo acontecesse eu não saberia o que fazer. A criança cresceu, mas em minhas orações o que mais peço é a saúde da minha família, pois sem ela eu perderia minha estrutura e hoje escrevo: Deus tem sua didática!
Eu já fazia parte do grupo Cantores de Deus há 3 anos e a maior parte do tempo estava viajando, meus pais moravam em Dracena-SP que fica 700 km da capital. Foi sofrido ouvir diversas vezes a voz desesperada de minha mãe ao telefone: O pai está em coma, confuso, foi internado, está na UTI... E o meu coração se despedaçava por estar longe... O que eu poderia fazer? Veio em mim uma força e a esperança de trazê-lo para tratamento em SP, onde acreditava ter mais recursos, assim começou nossa luta pela sobrevivência do meu pai. Foram meses de hospital em hospital procurando um bom tratamento e colocá-lo na fila de transplante seria a única salvação... Passávamos dias e noites vendo meu pai naquela maca fina, onde mais de 300 pessoas esperavam atendimento pelo SUS! Os remédios eram muito caros, as consultas eram de 3 meses de espera e a fila do transplante era de no mínimo 4 anos a estimativa! Era desanimador, os médicos diziam não ter chance, os amigos e parentes não conseguiam consolar nossa família e os comentários por vezes se faziam desnecessários... Por vezes o cansaço nos abatia, mas estávamos juntos, lutando, acreditando, perseverando! Encontramos a luz... E um caminho.
Um médico conceituado dessa área nos informou como proceder para colocarmos meu pai na fila e, desde então, conseguimos estabilizar o quadro e diminuir o número de internações! Através de medicamentos, uma dieta muito rigorosa, exames freqüentes, consultas, amor, muito amor, que mesmo com todas as dificuldades que tínhamos, conseguimos ir em frente.
Dois anos e meio de espera... O telefone toca, saiu o transplante para meu pai, guerreiro ele foi feliz para a sala de cirurgia, ganhou um fígado e um rim novos, qualidade de vida... Renasceu! Hoje está se recuperando de uma das maiores cirurgias do corpo humano que é o transplante de órgãos e eu escrevo para vocês para dar forças para aquelas pessoas que se encontram na mesma situação, ou em outras patologias que por vezes parece impossível de serem curadas... Para pedir a conscientização da doação de órgãos no Brasil e sua importância para a vida de outras pessoas. Para dar testemunha da perseverança e dizer que Deus é nossa força se acreditamos e fizermos nossa parte, se buscamos os recursos, se tivermos amor e fé.
Gosto de uma música do pe. Zezinho, scj que diz: e quando se acabarem as palavras, os recursos, os discursos, quando eu tiver feito o que é possível e quando fazer mais for impossível... Aí descansarei, tranqüilo, pois meu coração se lembrará... Que devo confiar!
Confie e vá... Lute, pois por amor e dando amor, nossa esperança se transforma em realidade de vida!