Posso estar redondamente errado com relação à mídia, mas pelo conteúdo da mesma, Jesus diria sobre nossa associação com ela a mesma coisa que disse sobre o mundo. Por isso, sem medo algum de ser chamado de ultrapassado ou antiquado, ensino aos meus alunos e defendo que nossa associação com a mídia deve ser a de participante ou visitante com um pé atrás; nunca parceiros.
Se alguém da mídia me quiser falando por algum veículo, quero liberdade de dizer o que penso e do jeito que penso. Em alguns casos deu certo, noutros não. Na coluna que tenho no Jornal Agora, tenho total liberdade para escrever o que quiser. Outro jornal me pediu uma coluna, mas quis determinar os temas e o assunto e não aceitei. Há anos foi-me oferecido um programa numa grande emissora de rádio e assim que percebi que teria que submeter os temas à apreciação do diretor, não aceitei. É isso o que chamo de na mídia sem ser da mídia. São Paulo diz que a Palavra de Deus não pode estar acorrentada. Qualquer contrato que me obrigue a dizer o que o diretor pensa seria estranho à minha liberdade de pregador da fé. Tenho um trato com a Rádio Aparecida. Não me pagam, não tenho carteira assinada e não há nenhum vínculo empregatício entre os diretores e eu. Se não gostarem do que eu disser, é só dizer que eu vou embora. Isto nos deixa livres. É assim que encaro a pregação do evangelho.
O PERIGO dos NÚMEROS
Em termos de marketing, costuma-se exagerar na divulgação da qualidade do produto ou nos números. É prática corriqueira anunciar um número maior de ouvintes ou de presentes do que realmente aconteceu. Em alguns casos, aumenta-se de 100 mil para 1 milhão. Venderam-se 300 mil discos e publica-se que foram 2 milhões. Números altos impressionam, mesmo que mentirosos.
Algumas igrejas fazem isso aumentando para cinco ou 10 vezes mais o número de seus adeptos. Pior ainda quando seus órgãos de imprensa, enquanto mentirosamente aumentam seus números, diminuem os dos outros. E há jornais a serviço de determinados grupos que sistematicamente baixam os números de quem lhes desagrada e aumentam os de quem lhes é aliado. Os números hoje não são confiáveis, nem os do governo, nem os das grandes firmas, nem os da oposição, nem os das igrejas. A ética dos números foi esquecida, em favor da propaganda e do marketing. Vale tudo para conquistar compradores, adeptos e admiradores.
Quando o cantor católico entra nesse jogo, entrou no terreno perigoso da meia verdade ou da mentira para fins positivos. Isto é maquiavélico. Os fins não podem justificar os meios. Se os outros fazem, nós não podemos. Se nossos aliados fazem, temos que romper com eles. Mentir sobre nossa evangelização é fazer o jogo do pecado.
Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
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