Quem faz questão de cantar e atropela os outros com seus esquemas para aparecer mais pode até ter mais jeito, mais carisma e mais talento, mas não tem o essencial para ser um cantor da fé: senso de estar servindo. Bonito fez aquele cantor que cantava em seis línguas, tinha doutorado em música e era considerado um virtuose no violino. Foi a uma grande celebração numa faculdade e como não era tão famoso, foi ficando por último até que não houve mais tempo para ele. Era, sem dúvida, o único que poderia ser chamado de cantor e músico. Não reclamou, não se ofendeu. Apenas pediu que lhe pagassem a passagem. E disse:
- Quando eu puder tocar, serei mais útil do que agora. Um músico vive de chances. Desta vez não pude mostrar a minha arte. Paciência!
O diretor soube do acontecido e o chamou como único convidado para um evento no mesmo ano. Foi a melhor aula de música dos últimos 20 anos naquela faculdade. Os alunos aprenderam que quem é bom, mais cedo ou mais tarde mostra porque chegou aonde chegou. Uma coisa é a promoção e outra coisa o talento. Quem tem, acaba achando seu espaço, embora seja uma triste verdade que muita gente de talento não tem tido chance no Brasil. O ideal seria promover quem tem talento e é do ramo.
Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
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