Efrém, Vivaldi, Palestrina, Bach, Francisco, Davi e Cecília. Poderiam ser bons amigos de bairro. Mas são nomes de músicos que se inspiraram na fé para fazer música. A alguns deles a Igreja canonizou ou considera modelos de vida. Davi, Efrém e Cecília! Como eles, há milhares de leigos, sacerdotes, homens e mulheres que usaram de seu dom de compor, tocar guitarra, cravo, flauta ou harpa para louvar o Senhor ou para ensinar alguma verdade da vida ou da fé. Alguns escolhiam o louvor e outros a catequese. Outros, pura e simplesmente a melodia que eleva o espírito, como foi o caso das Quatro Estações do sacerdote veneziano Vivaldi. Impossível esquecer a força religiosa do Largho de Händel, ou de Jesus, Alegria dos Homens, ou ainda de algumas tocatas de Bach. Levavam ao êxtase, ensinavam a meditar e a orar. E, o que é mais importante: continuam, séculos depois, a levar pessoas ao diálogo com Deus.
Minha insistência com meus colegas compositores de agora, para que façamos mais letras sobre os mais diversos temas da catequese decorre dessa constatação. A música fica e ajuda a ensinar a fé a gerações futuras. Muita gente não lê e não ouve as pregações da Igreja, mas gosta de música. Se alguém ouvisse ao menos duzentas canções abordando duzentos temas da fé este alguém seria bem mais evangelizado do que alguém que só ouvisse sobre política ou sobre louvor. Santo Efrém, diácono do século III fez isso. Musicou os temas da catequese e, com um grupo de jovens, saiu cantando pelas igrejas. Ele sabia que o povo daquele tempo lia pouco e aprenderia mais se ouvisse canções que abordassem esses temas.
Tenho feito o mesmo. Há mais de 500 temas da Bíblia e do Catecismo nas minhas canções. E não são poucos os que dizem ter despertado para a fé e para o estudo da fé por ter ouvido alguma poesia ou alguma das minhas canções catequéticas. Sei também do que se motivaram a louvar o Senhor por alguma canção de louvor que ouviu, posto que o louvor também é doutrina e ensina o povo a buscar e falar com Deus. Nunca fui nem serei contra as canções de louvor. Eu trairia minha fé se negasse o valor fundamental do louvor. Mas nós, músicos, podemos ensinar mais do que apenas louvor. Há um catecismo inteiro esperando que nosso talento o transforme em música e arte.
A vida é complexa. Quanto mais informações sobre a vida e sobre a visão de mundo da nossa Igreja dermos, melhor para o nosso povo. Os músicos chamam e congregam. Não seria bom se chamássemos a atenção do povo para todos os ensinamentos da Igreja sobre a dor humana e sobre os problemas sociais do nosso tempo? Quanto bem faria uma canção sobre a Populorum Progressio, sobre a Mater et Magistra, sobre as exigências cristãs para a superação da fome!
Nós, músicos e compositores, chegamos ao povo através do nosso púlpito. Como os sacerdotes, se estudamos mais, ensinamos mais. Se não estudamos ficamos repetindo o mesmo sermão anos a fio. Cantores também. Mudemos a faixa e façamos mais canções catequéticas sobre outros temas da fé. Ajudaremos a Catequese Renovada, que, a continuar monotemática em suas músicas, acabará monotemática e pouco renovada. E vai ser culpa dos cantores e compositores, porque milhões cantam nossas canções. Quando só se dá louvor a uma comunidade, ela só vai cantar essa catequese. Os salmos sugerem muitas vezes que se cante ao Senhor um canto novo e diferente! Que não sejam apenas melodias novas. Que sejam temas novos.
Pensei alto e assino em baixo!
Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
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