Há cantores que se sentem inspirados para cantar uma flor ou um rio que corre, uma cachoeira, uma ave que faz vôo rasante, alguém que perdeu um filho, uma pessoa ferida na alma, amores que não deram certo, amores maravilhosos. Há "cantores do mundo" que escolhem cantam o romantismo, a alegria, a festa, o companheirismo. E, ainda, há cantores do mundo que escolhem cantam o deboche, o amor livre, a ousadia. É preciso distinguir entre eles. Há os bons, honestos, sinceros, tranqüilos. inocentes até, e há os mal intencionados que sabem que uma canção maliciosa dá dinheiro.
Do outro lado, há os "cantores do céu" que gostam de louvar a Deus, cantar a bondade e a misericórdia de Deus, exaltar ao Senhor, proclamar o nome de Jesus e mostrar as delícias da contemplação. Escolheram este gênero de canção porque acham que ele faz bem.
Deus inspira a grande maioria dos cantores, tanto os da terra como os do céu, tanto os que cantam as coisas do mundo, como os que cantam as coisas de Deus. Até porque Deus criou este mundo e quem canta a criação está exaltando o Criador. É difícil imaginar que Deus inspire uma canção de deboche ou de desrespeito à família, como também é difícil imaginar que Deus inspire uma canção de algum religioso que ataque outra igreja e diminui a graça de Deus nos outros. Há, portanto, bons cantores que cantam para o céu e há bons cantores que cantam do mundo, sobre o mundo e para o mundo.
"Luar do sertão..." certamente não é uma música religiosa, mas é claro que foi Deus quem a inspirou, porque fala da obra de Deus. "Noite Feliz" é uma canção religiosa e fala do Deus que fez estas obras. Deus inspirou as duas. Por isso, tomemos cuidado quando falamos de cantores do céu como gente boa e de cantores do mundo como gente pecadora ou a serviço do mal. Tomemos cuidado quando citamos canções religiosas como canções boas e canções do mundo como mundanas e pecadoras. Nem toda canção do mundo é mundana ou pecadora; muitas delas elevam e enaltecem o amor humano e a graça de Deus nas pessoas. E nem todo cantor religioso canta coisas elevadas. Pode-se fazer uma canção religiosa ou ruim, péssima até, e pode-se fazer uma canção do mundo boa e excelente. Um pouco de humildade faria bem a nós cantores, que escolhemos cantar as coisas do céu. Temos muito que aprender com os cantores do mundo.
Um pouco de humildade faria, também, os cantores do mundo descobrirem valores nas canções que falam do céu. Todos nós deveríamos aprender a criar e a produzir canções bem feitas, respeitosas e capazes de elevar o espírito humano. Não nos iludamos! Deus não inspira somente quem canta nas igrejas. Ele é maior do que imaginamos e sua luz vai muito além dos telhados, do coro e dos teclados de nossas igrejas. Paremos de estabelecer contraste entre as músicas do mundo e as de Deus. Ele também andou iluminando muitas das canções que alguns pregadores religiosos chamam de música profana. Preste atenção naquelas letras. Algumas são dez vezes mais profundas do que muitas canções que andamos cantando nas igrejas. Melhoremos as nossas e saibamos elogiar o que não é nosso, mas é bom! É mais cristão e muito mais do agrado de Deus!
Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
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