Olá, amigo(a), músico de Deus.
Aprenderemos, a partir de agora, sobre um dos momentos mais importantes da liturgia: a música nas missas e celebrações.
"A liturgia, como exercício da função sacerdotal de Cristo, comporta um duplo movimento: de Deus aos homens, para operar a sua santificação, e dos homens a Deus, para que eles possam adorá-lo em espírito e verdade." (Instrução sobre formação litúrgica nos seminários, p.49).
Por isso a liturgia, de um modo geral, pode ser entendida como um diálogo entre o Deus-Trindade e o Homem-Comunidade. Este diálogo é composto de vários momentos. Cada momento tem o seu "espírito" próprio, seu sentimento peculiar, e portanto, uma expressão diferenciada. Ninguém pede perdão de forma triunfal, nem dá um "viva" tímido. Cada momento da liturgia exige um tipo de expressão musical.
Sem conhecer o espírito de cada momento do diálogo litúrgico, corremos o risco de dar um "viva" tão tímido que ninguém se sinta estimulado a responder.
Para melhor conhecer as diversas expressões e celebrações litúrgicas, deveríamos estudá-las com atenção e objetividade. Neste espaço, estudaremos aquela que é o ápice da vida cristã: a Celebração Eucarística.
Cada música da Celebração Eucarística tem seu papel e Inspiração própria de cada momento litúrgico dentro da celebração.
I - RITOS INICIAIS
Preparação
É um momento que foi esquecido durante algum tempo e agora está voltando ao uso. Enquanto alguns "acolhem" os irmãos que estão chegando para a festa da Eucaristia, o ministro de música pode preencher o ambiente com um solo instrumental. Alguns, neste momento, costumam ensaiar as canções que farão parte da celebração. Pode-se também colocar um CD de meditação, ou das músicas que se irá ensaiar. O importante é criar um ambiente de vida, pois é Cristo, Verdade e Vida, que iremos celebrar.
Entrada
Toda a assembléia, unida em uma só voz, canta a alegria festiva de reunir-se como irmãos em torno do Cristo. Esta canção deve deixar claro para toda a assembléia, que festa, ou mistério do Tempo Litúrgico (A segunda "perna" do tripé litúrgico") iremos celebrar. Todo o povo deverá ser envolvido na execução desta canção.
A primeira impressão sempre marca todo o relacionamento. Assim também o canto inicial marcará toda a celebração.
Os instrumentos terão a função de unir, incentivar e apoiar o canto. Não deverão cobrir as vozes dificultando a compreensão do texto. Ninguém participa de uma celebração para ser admirado, ou para aumentar seu ibope na comunidade. "Tocar na Missa" é um serviço e uma oração. Todo este canto como a procissão do sacerdote não deverão ser demasiado longas. O canto deve terminar quando o sacerdote chega ao altar.
Ato Penitencial
Neste canto aclamamos a Cristo como "Nosso Senhor" e lhe pedimos perdão. É um canto de repouso. Sua melodia deve traduzir a contrição de quem pede perdão. Todo o povo deve participar deste canto, mas admite-se um diálogo solista-povo.
Não é necessário que este canto seja muito "florido". A simplicidade é a melhor forma de expressar o arrependimento. O instrumentista deve traduzir este espírito de confiança e invocação acompanhado de modo suave, quase imperceptível. Para isto pode-se até excluir a percussão deste momento.
Glória
Esta é a canção da alegria, o canto que os anjos e pastores cantaram para saudar o nascimento do redentor (cf. Lc 2,14). Desde o século IV que os cristãos cantam. Houve uma época que só os bispos o podiam cantar. Hoje recomenda-se que toda assembléia cante o "glória" com ânimo e alegria. Para isso é útil bater palmas, erguer os braços, repicar os sinos expressando Glória a Deus nas Alturas... É importante não esquecer duas coisas: que o canto e suas expressões devem seguir a realidade da assembléia e que continuamos com os pés no chão, e que o nascimento de Cristo, hoje, depende de nossa boa vontade.
Este canto é excluído no advento e na quaresma, nos outros tempos deve ser executado e de preferência "cantado". Não é bom que seja parte exclusiva do coral. Este poderá cantá-lo em diálogo com o povo.
O glória deve ser, antes de tudo, uma manifestação do louvor a Deus-Pai e ao Cordeiro.
Os instrumentos têm papel importantíssimo neste canto. A percussão poderá ser bem explorada. É claro que a parte não deverá sobressair em detrimento do todo, mas neste canto os instrumentos poderão destacar-se um pouco mais.
Continuaremos a estudar este tema no próximo artigo!
Jesus abençoe!