Por trabalharem com ARTE, os artistas de Deus têm, na maioria das vezes, uma sensibilidade “à flor-da-pele”. Já vi dezenas de ministérios de música, dança e teatro começarem e logo acabarem, por não terem uma boa estrutura que agüente o peso da responsabilidade da missão e todo o “inverno” que vem como conseqüência dela...
Você já reparou que as nossas vidas são parecidas com as árvores, que vivem diferentes estações? Já percebeu que não podemos fugir delas? Temos que vivê-las, por mais triste que pareçam...
No inverno as folhas murcham e caem completamente, os frutos não existem mais... Talvez nos pareça ser a estação mais triste do ano...
Tive o prazer e a graça de visitar a Europa duas vezes. Nestes países do Norte, as estações do ano “funcionam” muito bem... O inverno é inverno mesmo! Diferente até do Brasil onde hoje vemos que faz muito frio em dias de verão e vice-versa. O próprio homem altera a natureza, se auto-prejudicando. Na Itália, por exemplo, no inverno presenciamos as plantas morrendo, secas mesmo. E como por um passe de mágica (Deus é Deus e isso basta!), de um dia para o outro, do inverno para a primavera, as árvores ficam floridas, lindas, as flores “renascem” e tudo volta à vida em abundância.
Em nossa vida, precisamos ter paciência também... Tudo o que parece estar matando a árvore e a natureza, é essencial para sua sobrevivência. Mesmo tendo um inverno forte e rigoroso, as árvores não morrem, pois a vida está dentro delas. As forças ocultas aprofundam suas raízes.
Na linda história de nossa Igreja Católica, durante o Concílio Vaticano II (1962 a 1965), houve também um grande “silêncio” (inverno) decorrente das grandes mudanças que os papas fizeram nesta época (Papa João XXIII e Paulo VI), onde muitos religiosos colocaram sua fé em dúvida, questionando as mudanças e até deixando de acreditar no Deus que habitava através de sua fé.
Em meados 1967, chegou a “primavera”. E com este novo tempo, surgiram os novos movimentos (Focolares, Renovação Carismática, entre dezenas de outros), fazendo com que os leigos participassem muito mais ativamente do contato com o divino, fazendo grande diferença na evangelização de todo o mundo.
Da mesma forma, esta “estação” se faz presente também em nossas vidas. É nesta hora que Deus muitas vezes nos leva a um deserto, onde revela o nosso próprio ser, o nosso coração, fazendo-nos enxergar falhas e limitações.
“Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor te conduziu durante esses quarenta anos no deserto, para humilhar-te e provar-te, e para conhecer os sentimentos de teu coração, e saber se observarias ou não os seus mandamentos”. (Dt 8, 2).
Nos invernos de nossas vidas, nossos sonhos parecem não se realizar, nossas vontades parecem que não são as vontades de Deus e tudo nos remete a desconsolos e desesperanças. Muitos se perdem em invernos fortes, principalmente quando a neve cai para impedir que busquemos caminhos diferentes. Quando deixamos o nosso “eu” morrer é que renascemos para novas vidas e sentimos realmente o poder celeste.
“Esperança retardada faz adoecer o coração; o desejo realizado, porém, é uma árvore de vida”. (Provérbios 13, 12)
Os sonhos, projetos e as promessas do Senhor nunca morrem. Neste momento, elas estão dentro de nós, esperando o tempo oportuno.
“Após a tempestade, mandais a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, derramais a alegria”. (Livro de Tobias 3, 22)
Neste tempo em que vivemos O NOSSO INVERNO, tudo o que precisamos e temos que fazer é ESPERAR, tendo esperança na próxima estação que virá. Quando a primavera chegar, as árvores e a natureza sofrerão grandes transformações, voltando a dar lindas flores e frutos. Nós poderemos tocar nas flores, comer os frutos e desfrutar da nossa espera, vivendo a ação das promessas de Deus.
“Eis, porém, o que vou tomar a peito para recuperar a esperança. É graças ao Senhor que não fomos aniquilados, porque não se esgotou sua piedade. Cada manhã ele se manifesta e grande é sua fidelidade. Disse-me a alma: o Senhor é minha partilha, e assim nele confio. O Senhor é bom para quem nele confia, para a alma que o procura. Bom é esperar em silêncio o socorro do Senhor”. (Lm, 3, 21 - 26)
Que o nosso inverno seja rigoroso, para que a primavera, então, possa ser esplendorosa!